domingo, 3 de março de 2013





Que dor é essa que o odor da pele
Impregna as narinas e a respiração falha

De onde vem e enviada por quem
Essa dor de soluço e lembrança

Que me seca a boca e retalha a língua
 Essa dor de navalha

E o dia é torto, o corpo já morto
De quem não mais acredita

Que perseverança maldita
Que não cabe em poema

E que me faz tão silêncio
Enquanto a alma blasfema

E não há respostas nos livros
Falta verbo, falta fonema

E que na falta é penúria
Privação que me xinga

E parece mandinga
Que até a fúria se esvai

Só a dor não me falta
Ela chega e não sai.


Imagem: Oil on canvas, 18 x 24 inches by Chistophe Vacher





Nenhum comentário: