Que dor é essa que o odor da pele
Impregna as narinas e a respiração falha
De onde vem e enviada por quem
Essa dor de soluço e lembrança
Que me seca a boca e retalha a língua
Essa dor de navalha
E o dia é torto, o corpo já morto
De quem não mais acredita
Que perseverança maldita
Que não cabe em poema
E que me faz tão silêncio
Enquanto a alma blasfema
E não há respostas nos livros
Falta verbo, falta fonema
E que na falta é penúria
Privação que me xinga
E parece mandinga
Que até a fúria se esvai
Só a dor não me falta
Ela chega e não sai.
Imagem: Oil on canvas, 18 x 24 inches by Chistophe Vacher
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