sábado, 16 de fevereiro de 2008

Madrugais


Ah! por que provocas
A revirada dos desejos ávidos
Se nem mesmo me tocas,
E te sinto cálido?

Corro ladeira abaixo
Pés no chão de pedregulhos
Não almejo simples fugas,
Por que não vens se eu fagulho?

Será que subjugas?

Sei das feridas que te assolam,
Das noites perdidas no azul,
Do verde que viram teus olhos,
E que os teus sentidos imolam,

O tempo correu pra te fazer saber
Que o passado mora ao lado,
E renasce num alvorecer,

Deixa ressoar teu brado:
- Olvidais e madrugais!

Corsário


Não queira saber
Quando o dia se perde entre violetas
Descoradas,
Em minha janela penduradas,

Nuvens pesam na cabeça, nos ombros
Nos pés,

Meu olhar mareia
E minha maré, é cheia,

Não querira imaginar como é,
O negro, o azul, o laranja e o grená,
E agonizar,

Não queira saber,
Desconhecer na maioria das vezes,
É oportuno, quando os ventos
Sopram ao contrário,

Afinal, sou apenas, mais um corsário,
Preso.

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Nas noites que minha saudade
Reviram os armários feito doida,
E meu desejo desaforado
Emerge do nada, meio engasgado,

Balbucio palavras sem nexo,
Rolo na cama a procura
De um faz de conta e sexo,

Queimo as cortinas de renda
Que tu me deste naquela
Tarde vermelha e celeste,

Espero que tu me entendas
Porque forcei tua porta
Abrindo fendas,

foi pra te fazer saber
o que deveras arde
ao cair de cada tarde,
Então sou febre ao anoitecer.

Saudade carmim


A saudade rosna, manga
pula nos tablóides,
o calor pulula as lembranças
dos perdidos asteróides,

grita rouca nos ouvidos
que não mais suportam,
fere, fura e me corta os pulsos
Que jorram... Floyd.


p@rbsb

Ribeirinho


A vontade escorre pela nuca
A respiração trafega ofegante,
Fujo da seca igual retirante,
E o desejo em mim batuca,

Falta-me o ar antes do chegar
Eu rondo suas esquinas afoita,
Não temo os redemoinhos,
Quero o seu corpo que me açoita,

Faça-me presa, predadora e descaminho.
Dê-me sua boca, pois faltava-me o ar antes
Que me inundasse o ribeirinho.