sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Seu verbo entornou



Não me diga nada
O seu verbo entornou
E a sensação definhou-se,

Não te direi uma plavra
Escassei os adjetivos
Em frases mal lidas
E desvalorizadas,

Hoje só vejo o engano
Que plantei por acreditar,

Não creio mais em mim,
Passei borracha e apaguei tudo
Meus sinônimos estão mudos
Nunca mais escreverei com as veias,

Os amores que reguei dias a fio
Fizeram-me crer que a pena valeria

Você está certo,
Não se apaixone, apenas deguste vinhos
E momentos que se diluirão assim que
Recobrares a consciência.

Amar exige paciência.
Dane-se com a sua falta de vocação.

Máculas



As sombras das máculas
Rondam o desespero dos erros.

Amargam em pares
Desterros seculares
Em línguas vernáculas.

Adjetivos repousam
Após o enterro.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Non dimenticarti di me




Que os armários se abram
Na sua procura tardia
Da nossa bela fotografia,

E que todos os filmes ultrapassados
Rasguem seu peito em paúra
Você compreende amore _ terrore
Alado surto de amargura – amarezza

O toque dos sinos anuncia nossa tristeza
Pelos arredores dos tempos (di)versos
Desconjugo todos os verbos cativos
E gritos de desesperos adotivos

Sonhos em águas turvas imersos
Candura de amor controverso
Versado em total nostalgia
Relembrado tal qual bulimia.

Mas, teimo em pedir a você:
- Non dimenticarti di me.


ppp@rbsb

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Sonhos mofados





Os meus sonhos
Mofaram na cesta
Do café de amanhã,

Minha boca calou-se
E o sorriso esvaneceu
Hoje, após o jantar,

O olhar sem lume
Vaga,

A doçura que ainda restava
Paga,

Não há precipício
Ou lugar propício
Para as mágoas,

Talvez se afoguem
No rio Tietê,

Eu, Marginal
Dos meus
Sonhos

Sangrarei com
Três cortes
De cada lado
Para que seus
Desejos
Fluam.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Do que não escrevi nos muros dos colégios




É a noite que revira
Sem escrúpulos o afã
Enroscado nos muros
Dos colégios no mês de julho,

É ainda noite
Quando arrepios
Em forma de titãs
Estremecem desejos régios,

Enquanto ladram os cães
Reviram vontades de apenas ser
Num sonhado alvorecer
A rosa de Guimarães.