sábado, 17 de outubro de 2009
Da parte que me cabe
Os pensamentos não me cabem mais
Atravessaram a Av. Conceição
Em alta velocidade,
Mendigaram aos estranhos que passavam:
-Piedade!
Os cacos já não colam mais
Espalharam-se pelo corredor
E não há cola que dê jeito
As teclas do computador e meu coração
Desbotaram na s pontas dos meus dedos
As letras estão decalcadas
Nos meus medos e defeitos,
Do que sobrou sobre a mesa da cozinha
Foram as picuinhas e o pão que embolorou,
O café esfriou, não uso garrafa térmica
Consumo tudo no calor dos momentos,
Alimento-me agora da fé de outrora
E de alguns fragmentos.
E dôo sem medida e previsão
Pois ainda me resta da vida um quinhão,
Quero a parte que me cabe neste vasto mundo.
Imagem:http://www.designup.pro.br/files/insp/thumb300x300/1250519367.jpg
domingo, 4 de outubro de 2009
Eu, cravo!
Eu cravo no peito de cada amigo
O emblema de hera
E são poucos que tem esse abrigo
Que me move e me gera,
Eu cravo os dentes na jugular
Do inimigo, e não sangra a olhos nus
Porque cravo sem nele tocar
Não me apetecem os urubus,
Eu cravo rosa no meu amanhecer,
Rego as sublimes almas que me acalentam
O meu doce escorre ao anoitecer,
E finco o coração nos que me desvendam
E amo. Sem peso, sem despedidas
Uma vez que em minhas veias
Só habitam almas benditas.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
Luzia
Vestia uma imagem torta
A morosidade arrastava os passos
O corpo não sustentava os braços
Luzia um olhar de morta,
Não era a falta de abraços dormidos
Talvez a fuga dos outonos corroídos
Que seriam invernos de infernos,
De sorrisos guardados, caídos,
Dobrar a esquina uma vez mais
Era imagem vazia
Tanto faz?
O ultimo cigarro, fim do vício?
Jogar-se do terraço do primeiro edifício?
Arrebentar o desânimo na quina da porta
Ou sangrar sem pesar a aorta?
Luzia um olhar de morta,
Foi a primeira e derradeira vez
Que vi uma pálida tez que alucina
Dobrando sem rumo uma esquina.
Luzia?
A luz jazz.
Imagem: http://media.photobucket.com/image/ESQUINA%20E%20MULHER/Marota/mulher.jpg
Bonito
Se o que soa de ti me agrada aos ouvidos
Digo: - és Bonito além de o rude viver
Se o eco em mim te faz arder
Acredite Bonito, me dói saber - sou adido,
Meus conflitos vivem de expedientes:
Um dia sóbrios a galgar vertigens
Noutros - estridente ócio maldito.
O ranger de dentes não é pré- requisito.
Ouça – Bonito!
O que nunca pude dizer:
A vida voa
O desejo vil
A resignação vã,
E o que resta entre nós e outras manhãs
É letivo, Te faço saber.
Alterações ortográficas vãs
Verbo no infinitivo.
Ser.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Vendoversos
domingo, 16 de agosto de 2009
Regurgitando arranhões
Desconheço pensamentos sensatos
visto que no segundo ato do momento
minhas ternuras vis se entranharam
em covis de paixões e torturas,
chegaram às vias de fato,
arranharam suposições,
escorreu de viés a aflição
do desejo nato em hemorragia,
secou a ousadia de ditongos
substituídos por hiatos
que emergiram à revelia
do pé de Maria que bem sei
que por teimosia, uma vez mais,
brotei.
Imagem - www.culturalivre.net/.../mulher-so-pinturajpg/
terça-feira, 21 de julho de 2009
Rebento de contradições
Não, não se apaixone
Eu tenho verdades guardadas
Nas encostas da Rodovia Washington Luiz,
Não, não me ame,
Eu riscaria seu corpo a giz,
Não me queira, eu trago
Vontades escondidas
Nos saltos dos sapatos,
E nos quadris,
Não, não me peça
O que não pode ser,
Não, não me obrigue a ter que dizer
Que não consegui,
Debati-me, joguei-me contra a parede
Fiz jejum, fiquei com sede, fingi.
Confesso, fiz igual o “poeta,”
Imitei a meretriz, desejei ser analfabeta
E nunca ter lido os seus “diários de motocicleta”.
Maria Júlia Pontes /
escultura de : Antônio Canova 1757-1822
Sem bússola
Bato teu mar,
Circundo todos continentes,
Exploro teus músculos e dentes
Até teu desejo me circundar,
E lambes-me o halo
Em ritmos diversos,
E degluto teu falo
No ritmo dos meus versos,
Assim me tens em doses
Aparentemente homeopáticas,
Em mil metamorfoses
E nenhuma didática,
Não existem livros didáticos
Para os desejos enredados.
Maria Júlia Pontes
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