sábado, 16 de fevereiro de 2008

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Nas noites que minha saudade
Reviram os armários feito doida,
E meu desejo desaforado
Emerge do nada, meio engasgado,

Balbucio palavras sem nexo,
Rolo na cama a procura
De um faz de conta e sexo,

Queimo as cortinas de renda
Que tu me deste naquela
Tarde vermelha e celeste,

Espero que tu me entendas
Porque forcei tua porta
Abrindo fendas,

foi pra te fazer saber
o que deveras arde
ao cair de cada tarde,
Então sou febre ao anoitecer.

Um comentário:

gutipoetry disse...

Um poema que revela profundamente a solidão humana. O momento em que constatamos quanto a solidão é implacável em nós mesmos. Quando unimos os nossos extremos, quando somos serenos e desesperados. O poema converge para estes opostos, sempre dispostos a confrontos. Um poema pronto, resolvido mesmo com todo o alvoroço que se apodera de um limitado espaço!Um vôo sob o teto de um quarto!