sábado, 14 de julho de 2007

Letras Daninhas






O olhar , através da lente
devora minh'alma aturdida, sem calma
mirado certeiro no meu corpo fremente,


a escrita grita, o que sua fala cala
em palavras derramadas noite adentro,
leio os versos num intento... me desconcentro,


as pálpebras pesam nas linhas
de um poema feito ladainha
gritando em coro "sua alma é minha,"

e esvaem-se as palavras
e brotam pensamentos
e germinam grãos


de uma plantação que engatinha
por entre letras daninhas
e eu me flagro em devaneio
que eu não sei de onde veio,

eu ensaio um solo:
"Não, Nâo, eu sou só minha"
e no sono que eu durmo, adivinha?
amanheço num colo que me aninha,


Desperto e rio da minha própria ladainha, que não seca,
Do meu sonho que peca e não posso tocar.






Maria Júlia Pontes



(inspirado no poema "Ladainha Seca" de Anderson H. http://andersonpoemas.blogspot.com/)

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