segunda-feira, 30 de julho de 2007

Língua


Língua solta,

sem rodeios

indaga sem medo

a que veio?


Língua presa

cala seco

a dor das ruas

as mortes nos becos


Língua quente,

um ópio, um vício

transforma o prazer

em seu único ofício


Língua fria

profere nos palcos

o que não acredita,

Maldita!


Língua santa,

espalha o bálsamo

um doce alento

diluindo o tormento


Língua sua,

me lambe, entorpece

e num gozo frenético

meu corpo padece


Minha língua na sua, solta, meu corpo no seu, preso que nunca esfria, .eu sei não sou santa, então eu me rendo a sua língua vadia.


Maria Júlia Pontes

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