
Poesia Viva ( ou : Meu funeral)
Quando eu morrer,
não quero flores nem velas,
nem tampouco quero choro
[aqueles entoados em coro]
não quero!
não quero!
entoem um samba , um rock , um chorinho ou bolero
[ assim espero]
quando eu finalmente partir,
envolvam meu corpo gelado
num lençol esverdeado
imaginem-me a sorrir
repousem-no numa cova rasa
coberta com a terra sagrada,
úmida, arada e fria,
sorvam uma doce sangria,
e nesse dia ainda...
espalhem sobre minha cova
escritos em verso e em prosa,
épicos, concretos, modernos,
[meus doces laços eternos]
então, algum tempo depois,
recolham meus restos em poesia
transformem em lataria
enfim... feliz serei
Eu, poesia enlatada em pó, [voltei].
Maria Júlia Pontes