quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Vaga-lume no olhar


Conta que oscila,

E opaca cintila

Tragando toda luz

Dos sóis de junho,


Olhar que segreda

Terços, lágrimas,

Janelas e máculas,


Noites sempre iguais

Não fosse o mover sereno

Da aranha no teto

do mundo que Laura

anoitecia sangrando,


Era inferno e deserto

Que seu olhar percorria,

Era santa decepada

Que sua redenção trazia,


E Laura rodou, gigante

Numa noite de chuva

Bem no dia que seus olhos

Faróis de lágrimas

Alumiaram sua alma inacessível,


E brilhou azul anil

Das roupas nos varais

Olhos exímios,

Imortais.

Poema inspirado em Pirilampos cegos de Beto Menezes

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