
BANNER POR MARINA FRANCIULLI
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Eu tenho o branco na pele
que herdei da palma da mão
dos meus antepassados,
cabelos louros Afro-Ítalo-Sul-Americanos
[encaracolados]
fragmentos do negro e do mouro,
o sangue que corre em minha veia,
escorre farto em cadeia
e nos barracos das favelas,
as lágrimas que rolam aqui,
vieram de outro quintal
no dia que a nau aportou
trazendo um certo Cabral.
Então, sou assim, preta, branca, mulata,
brasileira, faceira, incansável acrobata.
Maria Júlia Pontes
Se de pranto ou mero encanto
Cosi palavras sobre tua pele
Em matizes crus e alterados
Uma flor - de- lis deixei tatuada,
Não te flageles por minha ousadia
Porquanto digo com exímia certeza:
Sei o teu valor, fé e sabedoria,
Nunca quis ruir tua fortaleza,
Se és pecador, estou condenada
À fogueira fria, ou então, uma espada
Que perfure os olhos que quiseram ver
O brilho dos teus num alvorecer.
Maria Júlia Pontes
Nuvens de algodão-doce
flutuam calmamente
no céu de Ângela
atravessam luas e sóis
seu olhar dúbio,
prelúdio,
são faróis,
guiam embarcações
angelicais em fúria
navegantes das águas bravias,
ora quentes, ora frias,
oceanos de desejos,
esboço preciso
de sua intrínseca
geografia,
nas águas
do mar de Ângela
tudo é possível,
tudo é cabível,
pois sem mistério
o amor deságua
no mar de Ângela,
dia após dia.
Não tente me devorar numa só talagada,
Eu não curo a fissura em dose única,
Que toquem todos os celulares
Quando pensares que ainda estou
Nos arredores das tuas inquietações,
Que um bando de pássaros alados
Sobrevoem tua cabeça quando encontrares
Os anjos gêmeos separados ao nascer,
E que a cotovia venha te dizer
O momento exato em que deixaste
Teus rastros em minhas entranhas,
-Artimanhas?
O azul e o branco
Verteram sobre o vermelho
Da minha tristeza em mosaico,
Escreveram palavras em hebraico
Que minha compreensão não alcançou,
E arrastei dores em gotas,
Que corroeram minhas verdades tolas,
E avexou meus sentimentos caros
Destruindo meus momentos raros
Invadindo minha alma quente,
O coração preso em correntes
Sanguíneas, esperou a redenção
Que chegaria, ou não.
Um traço em linhas
Escolhidas a risca,
Um frasco de emoções
Incógnitas ariscas,
Expõe, e recolhe-se
Não precisa prévio aviso
Basta absorver o olhar
Fullgas, assim, de improviso,
E tem na voz a melodia
Dos tambores de Angola,
A ferocidade das águas do Kwanza,
As dores, seu peito imola,
Traz ventura que alumia
As noites sem lua de outrora
A dor e a destemperança,
Nas juras secretas dos rios
Desejos a cantarolar,
Segredos de um alvorecer
Guardados em mananciais,
Pois bendito seja o ser
Que um dia navegar
Em suas águas Flaviais.
Poema dedicado ao meu grande amigo e irmão nas letras Flávio Vicente.
As tempestades que me cabem
São estados climáticos
Desprotegidos de paixão
De curta duração,
Eu vento na sua cara séria,
Trovejo na sua boca quente,
E chovo no seu último balbuciar,
Alago ruas e avenidas
Só pra te contemplar; correnteza
A me procurar na Av. Andaló,
E rio... preto céu carregado
De vontades de agora,
De sempre, e de passado,
Sou o titã que correu em
Volta da sua terra,
Demarquei suas fronteiras,
Sem intenção do plantio marcado,
Floresci sua última videira.
Maria Júlia Pontes